segunda-feira, 11 de maio de 2009

Laboratório de ideias

Deu na revista Você S/A, edição de maio de 2009.

Laboratório de ideias
No Fleury, os funcionários inovam para contribuir para o negócio e garantir um bom extra no fim do ano

Para receber a participação integral nos lucros da empresa, os 4 000 profissionais do Grupo Fleury, segunda maior rede de laboratórios clínicos do país, têm de apresentar mais do que um trabalho bem-feito. Eles também precisam inovar. Desde o ano passado, esse item tem peso de 5% na fatia dos resultados que será distribuída a eles. Para coletar as sugestões, o laboratório criou um sistema online, em que as pessoas, sem precisar consultar o chefe, inserem suas ideias, recebem o parecer de dois avaliadores e acompanham as etapas de implantação. Batizado de Central de Ideias, em 2008 o sistema recebeu 2 000 propostas e 385 foram aprovadas. “Neste ano, nossa meta é chegar a 400 sugestões e implantar pelo menos metade delas”, diz Rendrik Franco, diretor de pesquisa e inovação do grupo. A ferramenta é uma das apostas do Fleury para democratizar seus processos de inovação, já reconhecidos no mercado. “O Fleury se tornou um dos líderes no setor por inovar não apenas nos testes que oferece, mas também no relacionamento com os clientes”, diz Paulo Sérgio Quartiermeister, diretor do centro de inovação e criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing, em São Paulo. Em 1998, quando a internet ainda se consolidava no país, o laboratório foi o primeiro a disponibilizar os resultados de exames pela rede. Nos últimos anos, porém, a empresa entendeu que precisava reunir mais do que ideias esporádicas para manter o ritmo de inovação.

MUITO ALÉM DA P&D

“Muitas empresas já entenderam que as inovações podem ser geradas além da área de pesquisa e estão se estruturando para aproveitar esse potencial”, diz Felipe Matos, diretor do Instituto Inovação, consultoria que reúne clientes como Natura, Nestlé e Petrobras. Em 2007, o Fleury criou uma diretoria para comandar a área, com duas gerências subordinadas: pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação e gestão do conhecimento. Um grupo de nove PhDs, que antes dividia seu tempo entre exames de rotina e pesquisas, hoje se dedica exclusivamente ao desenvolvimento de novos testes e metodologias. O resultado foi imediato: em 2008, o Fleury lançou 80 produtos, ante 50 no ano anterior, e já chegou a 25 até março deste ano.

O mérito por esse resultado não é apenas dos cientistas. Com uma ideia simples e eficiente, a bioquímica paulista Flávia Aldighieri, de 36 anos, gerente de operações de atendimento, também contribuiu para acelerar o ritmo de inovação. Flávia sugeriu a elaboração de um kit de cadastro de novos produtos para ser usado pelos médicos da empresa. A ideia era reduzir a burocracia na hora de solicitar a implantação de novos exames. O material reúne todas as informações necessárias para fazer a requisição, como a finalidade do teste e a planilha de custos. “Antes havia uma série de etapas administrativas para isso e muitos médicos não sabiam a quem recorrer”, diz.

Para garantir que ideias como a de Flávia não se percam na organização, entra em ação a gerência de inovação e conhecimento. O responsável é o engenheiro paulistano Marcelo Caldeira Pedroso, de 44 anos, que chegou à empresa no fim de 2007, depois de passar por grandes consultorias, como IBM, Ernst & Young e Deloitte. Na remuneração variável do executivo, o peso da captação de ideias é de 30%. Marcelo também coordena diversos grupos de gestores, que se reúnem para discutir ideias para projetos específicos, como a nova unidade da empresa, inaugurada em janeiro deste ano na zona sul de São Paulo. A clínica adotou uma série de inovações elaboradas por um desses grupos no ano passado, como o uso de computadores de mão, para agilizar o fluxo de pessoas, e a contratação de anfitriãs com mais de 60 anos para acolher os clientes. “A unidade foi fruto da criatividade e do conhecimento coletivos”, diz Marcelo.

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