quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

OLHA A INOVAÇÃO, QUEM VAI QUERER?!

Recentemente publiquei um artigo perguntando: onde estão as verdadeiras empresas inovadoras brasileiras? Muito embora o artigo tenha indicado que a inovação virou clichê, esta conclusão me provocou uma nova reflexão.

Naturalmente, muitas pessoas estão satisfeitas em consumir marcas supostamente inovadoras, mas será que existe um público para consumir empresas e produtos verdadeiramente inovadores? Eu, daqui de trás do meu computador, acredito que este público está nascendo. Sou parte dele! Tenho, portanto, que direcionar meu consumo a estas empresas verdadeiramente inovadoras.

Descobri que no Japão existem lojas em que você escolhe amostras de produtos e as leva para casa sem custo. São lojas de degustação de amostras, onde cada cliente pode escolher até cinco produtos e levá-los sem custo... Ora, o comportamento de colocar amostras gratuitas em lojas é um comportamento inovador e, para saber quais são as empresas envolvidas é muito simples: basta ir a esta loja! E no Brasil?

Penso que deveria ser desenvolvido um espaço publicitário específico para os reais “CAUSOS E HISTÓRIAS DE INOVAÇÃO”.

Durante a reflexão que deu origem a este artigo, um fato deixou-me extremamente ensimesmado: a televisão brasileira não consegue produzir um único formato inovador. A exceção à regra é o programa 15 minutos da MTV, que tem Marcelo Adnet como apresentador. Típica atitude inovadora de desconstrução de modelos consagrados e total desapego com fórmulas pré-concebidas de sucesso! O resto é cópia da cópia, enlatado americano e variações do mesmo tema sem sair do tom.

Qual será a rede de TV que teria coragem de colocar sua audiência em um programa de tv e, ao vivo, ouvir estes telespectadores sobre suas expectativas e quereres? Eu diria: “Que tal um programa de televisão que falasse de negócios, mas não de grandes negócios e sim de pequenos?”. Vocês diriam: “Este programa já existe”. Mas e o formato?

O Sr. Clemente Nóbrega, guru empresarial, tem uma iniciativa, chamada Schemata, que poderia ser utilizada em formato televisivo. Mesa redonda, grandes consultores, case real e uma conversa franca e aberta com o objetivo de dar sugestões e soluções criativas para questões corriqueiras do dia-a-dia das pequenas e médias empresas: como aumentar vendas, estimular vendedores e etc. Vale lembrar que as pequenas e médias são 95% (quantitativamente) das empresas brasileiras.

Qual a emissora de tv inovadora que está buscando projetos inovadores e teria a coragem de apostar sem a garantia do retorno certo - como fazem com reality shows?

Senhores, a inovação é um comportamento do dia-a-dia, precisamos incluí-la no radar das empresas e consumidores e valorizá-la sob pena de continuarmos sob o império das fusões, aquisições, fornecedores únicos (que compram concorrentes) e pasteurização de produtos, serviços e atendimento ao cliente.

Consumidor: exija a inovação!

Empresas que querem uma ideia inovadora: consultem a sua comunidade - a inovação não partirá dos seus Diretores. Eles só sabem fazer a mesma coisa.

Nilson Cortez Júnior é especialista em Gestão Empresarial e Jogos de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, consultor em Gestão de Ideias e sócio-fundador do Ideias10 (www.ideias10.com.br).

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