Michelle James é atriz stand-up e CEO do Center of Creative Emergence. No artigo “What the self-organizing principles of improv theater can teach us about business creativity”, publicado no site Innovation Tools, ela conta como adaptou as técnicas de improvisação que desenvolve no seu grupo de teatro para obter sucesso no seu ambiente de trabalho.
Após devorar livros sobre improvisação e refletir sobre o comportamento do seu grupo teatral, Michelle reconheceu que o improviso exigido no teatro lhe fez desenvolver uma incrível capacidade de criar e se adaptar a diferentes situações no cargo que ocupa frente à organização, como CEO.
“(...) Os princípios que permitem que um grupo de improvisação teatral realize uma apresentação de 90 minutos são os mesmos princípios que permitem que as equipes e organizações resolvam problemas de novas maneiras, atingindo picos de criatividade e pensamento inovador.”
Porém, ela reconhece que tais princípios exigiram um aprofundamento para serem aplicados no seu trabalho diário, pois são opostos à maioria das técnicas empregadas atualmente no mercado. Os princípios exigem, portanto, um re-aprendizado.
Comparando a Teoria da Complexidade das Ciências na Criatividade com a Improvisação, Michelle elencou 7 princípios básicos adaptáveis à sua rotina profissional, que seguem listados abaixo para que você também possa aplicá-los.
1. Sim. Aceitar plenamente a realidade que está se apresentando é essencial para que ela se torne adaptável e possa evoluir.
2. Faça todos os seus colegas parecerem capazes. Isso significa que você não tem que defender ou justificar a sua posição - os outros farão isso por você e você fará isso para eles. Sem o ônus da defesa ou da concorrência, todos são livres para criar.
3. Altere a sua posição de acordo com o que é dito ou acontece. Em cada instante, novas informações são um incentivo para você ter uma nova reação. “Alterar” um raciocínio inspira novas ideias. Você se adapta a uma estrutura de dissipação e re-organiza uma nova estrutura que se expande, sem deixar de incluir o que foi colocado anteriormente.
4. Crie com colaboração. Este princípio implica o reconhecimento de que mesmo os melhores planos estabelecidos podem ser abandonados repentinamente para atender às novas realidades que se formam. Não é consenso, pois consenso pode “reduzir” o conhecimento gerado – segundo a improvisação, é co-criando que se expande.
5. Os erros são convites. No improviso, os erros são abraçados: estimulando as anomalias, os artistas se sentem convidados para um novo nível de criatividade. Justificar qualquer erro pode transformar a trama para um ponto surpreendente que nunca teria acontecido na sequência de um padrão convencional. No improviso, justificar o caos cria a ordem. Erros quebram padrões e dão espaço para novas ideias.
6. Mantenha a energia fluindo. Não importa o que é dado ou o que acontece, você deve aceitar e manter o ritmo de energia. Ao contrário da vida cotidiana, em que as pessoas param para analisar, criticar ou negar um acontecimento, na improvisação você deve continuar se movendo. Se um erro acontece, deixe-o seguir em frente... Se o inesperado surge, use-o para seguir em frente! Se você ficar perdido ou confuso, use o movimento para ganhar confiança no processo. O sistema não é estático - ele está vivo e é dinâmico.
7. Ofereça seu melhor em tudo. Sempre se pergunte: "Como posso servir melhor nesta situação?" e então você terá uma ideia melhor de quando deve correr e quando deve parar, quando deve tomar a rédea e quando deve ser conduzido, como apoiar melhor o seu companheiro e qual a melhor forma de apoiar determinada situação. Ao concentrar-se como quem vê o contexto por fora, você terá uma visão maior para servir melhor ao objetivo traçado. A vitalidade do sistema de improvisação lhe dará mais impulsos criativos e recursos para você utilizar a qualquer hora. Assim, as escolhas que você faz estarão mais alinhadas aos níveis elevados de integração criativa em um cenário coerente de inovação.
O que não funciona neste processo? Simples: qualquer violação destes princípios. Impor a sua opinião a qualquer custo, tentar se ressaltar entre os colegas, estar ausente no que diz respeito à concentração, se preocupar com o enredo e pensar em formas de salvá-lo, esperar uma resposta específica de outra pessoa... Enfim, qualquer coisa que desvie daquele momento que está prestes a surgir. Isso acontece principalmente quando somos levados pela nossa mente “controladora”.
Conclusão
A improvisação leva você à beira do caos, que é um ponto de inflexão, cheio de potencial criativo fértil. Nós somos naturalmente capazes de improvisar, mas nossos cérebros sempre procurarão desenvolver ordem, coerência e sentido. Uma vez que você se permite a liberdade de explorar, definir as condições iniciais e, então, sair do caminho, a criatividade pode se desenvolver.
Os princípios da improvisação servem a um propósito muito maior do que o desempenho - eles têm a capacidade de dar vida ao cognitivo pessoal, organizacional, social, político e espiritual.
Michelle encara estes princípios como as regras para o engajamento de uma sociedade mais pacífica, geradora, co-criadora e sustentável. Se você concorda com ela, comece agora mesmo à improvisar com o seu time no IDEIAR: www.ideiar.com.br
terça-feira, 16 de março de 2010
O que a improvisação teatral pode nos ensinar sobre criatividade no trabalho
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